Um levantamento realizado pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, com base em informações do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), revelou os setores que mais se destacam em pedidos de patentes relacionados à Inteligência Artificial (IA) no Brasil nos últimos seis anos.
Segundo o estudo, os setores da saúde (25%), indústria (14,4%) e agronegócio (8,3%) lideram os depósitos entre 2019 e 2024, em um universo de 264 solicitações analisadas.
Apesar do crescimento do interesse, apenas 3% (8 pedidos) foram concedidos até agora. A maioria dos pedidos segue em exame ou não obteve aprovação.
Evolução dos pedidos de patentes em IA
O período de maior atividade foi entre 2020 e 2022:
2020: 64 depósitos
2021: 77 depósitos
2022: 78 depósitos (pico)
A partir de 2023, observa-se queda significativa, com apenas 13 pedidos registrados.
Das patentes concedidas, cinco foram de autores brasileiros, duas de americanos e uma de origem chinesa. O tempo médio de análise foi de aproximadamente 2 anos e 11 meses.
Conexão com a Estratégia Nacional de PI
A Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual (ENPI), em seu Plano de Ação 2023-2025, estabeleceu como meta reduzir o tempo de exame de patentes no Brasil.
Em dezembro de 2022, a média era de 6,9 anos;
A meta é de 3 anos até junho de 2025;
E de 2 anos até 2026.
Essa aceleração é vista como fundamental para acompanhar a dinâmica da inovação em áreas disruptivas como a inteligência artificial.
Principais áreas de aplicação da IA nas patentes
Saúde
As patentes depositadas abordam soluções como:
diagnóstico de câncer,
medição de insulina,
teleconsultas aprimoradas,
predição de problemas cardíacos,
reabilitação motora,
gestão de filas de espera em hospitais.
Indústria
As criações incluem:
manutenção preditiva,
aprendizado de máquina aplicado à produtividade,
segurança do trabalhador,
inspeção de qualidade,
produção de plástico e alimentos simulados.
Agronegócio
Pedidos de patentes envolvem:
monitoramento de animais,
classificação de grãos,
controle de pragas.
Além desses, destacam-se ainda energia (7,9%), finanças e vendas (7,9%), aperfeiçoamento de sistemas de IA (6%), telecomunicações (5,7%) e mobilidade (5,7%).
Perfil dos depositantes
O estudo mostra que 59,8% dos pedidos são de origem brasileira e 40,5% de estrangeiros. Os Estados Unidos lideram entre os internacionais (57,9%), seguidos pela China (23,6%) e pela Coreia do Sul (4,7%).
Entre as empresas, destacam-se:
Huawei (China): 18 depósitos
Petrobras (Brasil): 8 depósitos
AIxScan (EUA, saúde): 5 depósitos
Paige (EUA, saúde): 5 depósitos
No Brasil, universidades federais (como UFMG, USP, Unicamp, UFPE, entre outras) aparecem entre os principais depositantes, demonstrando o papel do setor acadêmico na produção de conhecimento e inovação tecnológica.
O que o cenário revela
O levantamento mostra não apenas a diversidade de aplicações da IA no Brasil, mas também a competição internacional pelo mercado brasileiro, com forte atuação de empresas dos Estados Unidos e da China.
“Apesar de algumas instituições brasileiras se destacarem, a grande participação de empresas estrangeiras mostra como Estados Unidos e China têm atuado para dominar o mercado brasileiro nesta tecnologia”, destacou Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Na Tavares IP, acompanhamos de perto os desdobramentos da propriedade intelectual em tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial. Nossa equipe está à disposição para auxiliar empresas e instituições que desejam proteger suas inovações no Brasil.